quarta-feira, 27 de maio de 2009

Coprofagia




Coprofagia é o termo usado para descrever o comportamento de ingestão de fezes. É referido como um problema comportamental dos cães. Pode-se tornar num comportamento de risco quando o animal ingere as fezes de outro animal/espécie, desta maneira pode contrair doenças transmitidas através das fezes. Para além deste risco é um comportamento desagradável e muito comum.
A coprofagia pode ser classificada em dois grandes grupos:

Pelo tipo de fezes ingeridas:

  • Cães que comem fezes de herbívoros: Comportamento comum de ser observado em carnívoros silvestres. Este tipo de fezes, como por exemplo, fezes de cavalo, é uma fonte de produtos de digestão microbiológica além de fornecerem nutrientes aos cães;
  • Cães que comem fezes de gato;
  • Cadelas que comem fezes dos cachorros recém-nascidos – comportamento normal;
  • Cães que comem as próprias fezes;
  • Cães que comem fezes de cães adultos;
  • Cães que comem fezes humanas;
  • Casos mistos.

Pelas causas:

Várias são as hipóteses sugeridas como causas da coprofagia, no entanto, não há respostas definitivas. A razão para uma não definição deste problema é a variabilidade (causas multifatoriais) das situações que predispõem um animal a este comportamento. As principais causas são:

  • Comportamentais:

1. A cadela que come as fezes dos cachorros fá-lo para manter a zona limpa;

2. Cães mantidos em canis públicos ou abrigos particulares parecem exibir mais frequentemente este comportamento.

3. Punições excessivas e/ou mal aplicadas relacionadas a eliminações do cão podem levá-lo a comer fezes como forma de evitar a punição;

4. Ansiedade de separação;

5. Pode ser uma imitação do comportamento do dono, quando limpa as fezes.

  • Metabólicas:

1. Deficiência alimentar: qualquer situação de insuficiência no fornecimento de nutrientes poderia determinar este comportamento. Estudos indicam que, de maneira geral, fezes podem ser fontes de enzimas digestivas, proteínas, gorduras e vitaminas do complexo B;

  • Patológicas

1. Insuficiência pancreatica exocrina;

2. Doença inflamatória intestinal;

3. Sobrecrescimento bacteriano intestinal;

4. Megaesófago e/ou estenose esofágica;

5. Parasitas intestinais;

6. Hipertiroidismo;

7. Diabetes mellitus;

8. Hiperadrenocorticismo;

9. Devido a certos medicamentos (glucocorticoides, Fenobarbital... etc).

Sintomatologia

  • Halitose;
  • Diarreia;
  • Vómito;
  • Flatulência;
  • Perda de peso.

Diagnóstico

O diagnóstico é baseado na história do dono. Deve-se distinguir se é uma causa comportamental ou médica. Uma avaliação completa da dieta do animal, do ambiente, do apetite, e de movimentação é essencial. Um exame físico completo é necessária para avaliar doenças subjacentes.

Tratamento

O tratamento varia dependendo se a causa é médico ou comportamental.

  • Tratamento de qualquer endocrinopatia, doenças gastrointestinais, distúrbios pancreáticos, e retirar qualquer droga que possa causar polifagia (fome excessiva). ;
  • Corrigir eventuais deficiências dietéticas;
  • Comportamentais: pode-se tratar de diversas formas: pode-se reduzir o acesso às fezes pela rápida eliminação; passear os cães com trela para facilitar a remoção da proximidade das fezes. Oferecer um alimento de recompensa ao cão quando ele defeca, assim é de esperar que, em vez de procurar pelas fezes procura por comida.



"A compaixão para com os animais
é uma das mais nobres virtudes da natureza humana"
Charles Darwin

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Esterilização. Porquê?




A Piómetra é uma desordem uterina crónica de origem hormonal, causada por uma infecção bacteriana uterina que pode resultar em severa bacteremia e toxemia, comum em cadelas e gatas não esterilizadas.

A piómetra (infecção uterina) é causada pela repetida exposição do endométrio (mucosa que reveste a parede uterina) á progesterona. O distúrbio surge no diestro, fase caracterizada pela ocorrência de secreção activa de progesterona, geralmente três a seis semanas após o fim do cio, podendo, contudo, aparecer logo no final do estro. A progesterona é uma das hormonas envolvidas no ciclo menstrual produzida pelo corpo lúteo, responsável por promover as actividades proliferativas e secretoras das glândulas endometrais e responsável pela manutenção da gravidez.


















Após o "cio" os níveis desta hormona permanecem elevados durante cerca de 8 a 10 semanas provocando um espessamento da parede do útero como preparação para a gravidez. Se a gravidez não ocorre, após vários ciclos, a espessura da parede continua a aumentar até a formação de quistos no seu interior.
O cérvix (porta de entrada d
o útero) normalmente está fechado, mas durante o estro abre e permite a invasão bacteriana secundária ascendente a partir da vagina, se o útero se encontrar normal o ambiente é hostil á sobrevivência destas bactérias, mas na presença destes cistos, que contem células secretoras que libertam fluidos, e os níveis elevados de progesterona que inibem a contracção muscular da parede do útero levando á acumulação dos fluidos cria-se o ambiente ideal para o crescimento bacteriano.
Factores predisponentes como a duração prolongada do cio na cadela, permite que o colo uterino (cérvix) permaneça muito tempo aberto, sendo possível a contaminação. Em gatas, considerando que há necessidade de cópula para que ocorra a ovulação, a piómetra ocorre após cruzamentos ou de forma iatrogênica, pela administração de contraceptivos. A piometra ocorre mais comumente em cadelas adultas, de 8 a 10 anos e em gatas a média fica em torno dos 7 anos. O uso de medicamentos á base de progesterona ou estrogénios podem provocar o mesmo fenómeno, uma vez que o estrogénio promove o crescimento, a vascularização e um edema do endométrio, além de aumentar o número de receptores de progesterona, ampliando o efeito desta.

Sintomatologia
A piómetra pode ser classificada:

  • "Aberta" - Na piómetra com cérvix aberto o pus acumulado no útero drenará para o exterior, provocando uma descarga vulvar inodora de consistência mucosa a purulenta e coloração variável.
  • "Fechada" - Na piómetra com cérix fechado o pus formado não é drenado para o exterior e acumula-se no útero provocando uma distensão abdominal. Neste tipo de piómetra pode ocorrer septicemia pois as bactérias libertam toxinas que entram na corrente sanguínea.

Em ambos os tipos de piómetra os animais podem apresentar:

  • Anorexia;
  • Vómito;
  • Diarreia;
  • Depressão;
  • Letargia;
  • Poliúria e Polidpsia, porque o organismo tenta eliminar a infecção por meio da filtração renal, porém devido ao excesso de secreção ocorre uma sobrecarga dos rins, levando a uma insuficiência renal.

Tratamento

Cirurgia - Consiste na remoção cirúrgica do útero e ovários (Ovário-Histerectomia).

Médico - Existe tratamento clinico á base de medicamentos (prostaglandinas) que diminuem os niveis de progesterona no sangue, promovendo o relaxamento e abertura do cérvix e promove também a contracção do útero expelindo desta forma as bactérias e o pús. Este tipo de tratamento não pode ser feito em piómetras fechadas.


Se o tratamento adequado não for realizado rapidamente os efeitos tóxicos bacterianos serão fatais, pode ocorrer a ruptura do útero espalhando-se a infecção para a cavidade abdominal provocando uma peritonite levando o animal á morte em 48horas.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A Vacinação é importante






Mesmo com 7 vidas, vacinar a cada 12 meses, aumenta a saúde e qualidade de vida do seu Gato.






A maioria dos gatos estão vacinados contra muitas doenças infecciosas, desta forma muitas delas são relativamente raras. Mas quando não vacina o seu gato não só o mete em risco como a toda a população de gatos.


Todos os gatos devem estar no mínimo vacinados contra:

  • Enterite Infecciosa Felina ou Panleucopénia Felina;
  • Calicivirus Felino;
  • Rinotraqueite Felina;
  • Vírus da Leucemia Felina (FelV).

Também é recomendado vacinar contra o Clamídia. A vacina contra a raiva apenas é obrigatória para os cães, mas no caso de querer sair do país com o seu gato este tem que ser vacinado.

A vacinação inicia-se a partir das 6 semanas, com reforço as 10 semanas e outras as 14 semanas, depende do tipo de protocolo. Após a primo-vacinação a vacina começa a ser administrada anualmente.

Nos gatos adultos deve-se realizar o teste de despiste de FIV e FeLV sempre antes de serem vacinados, pois só assim podemos adaptar o protocolo ao animal em questão.

Vacinação e os Fibrossarcomas

Os sarcomas de partes moles correspondem a 7% de todos os tumores em pele e tecido subcutâneo que acometem os gatos, sendo o fibrossarcoma o tipo mais frequente.
Até o final dos anos 80 a incidência de fibrossarcoma em gatos era muito baixa e acometia, principalmente animais idosos. No início da década de 90, notou-se um grande aumento na incidência de sarcomas em gatos, principalmente a de fibrossarcomas. Pesquisadores relacionaram esse aumento com o surgimento de uma Lei estadual que obrigava a vacinação anti-rábica de todos os gatos, já que 75% desses sarcomas eram localizados em locais utilizados para aplicação de injecções, inclusive vacinas. A partir dai começaram associar alguns sarcomas com locais de aplicação de vacina, baseando-se na história clínica, local anatómico afectado e aparência histológica.

A patogenia exacta é desconhecida, mas a teoria mais frequente é que são causados pelos adjuvantes, que levam a estimulação de fibroblastos e miofibroblastos, resultando numa inflamação, que associada ou não a outros carcinógenos não identificados ou oncógenes, levam à transformação neoplásica e desenvolvimento do tumor. Para este argumento não há nenhum dado científico que o sustente. O principal argumento contrário é a raridade deste evento.

Num estudo feito em 2002 pelo Dr. Kass, em que foram analisados 31,671 gatos que receberam 61,747 doses de vacina, foram encontrados somente 2 sarcomas: um num gato que recebeu a vacina anti-rábica com adjuvante, e outro num gato que recebeu uma combinação de vacinas contra Leucemia Felina, Panleucopénia, Rinotraqueite, Calicivirose e Clamidia. Por tanto, neste estudo em que envolveu uma amostra extensa de gatos a incidência de fibrossarcoma foi de 1 caso para cada 30.000 vacinas aplicadas, o que prova a baixa incidência.

Algumas recomendações são feitas em relação á vacinação, como por exemplo:

No entanto o aparecimento de altos na zona de inoculação após a vacinação pode ser normal, e é importante que saiba a diferença entre reacção inflamatória de um fibrossarcoma para que não se assuste.

A inflamação é passageira, dolorosa ao toque e deverá desaparecer espontaneamente dentro de 3 a 5 dias.
Já o fibrossarcoma é duro, irregular e vai aumentando ao longo do tempo. O diâmetro é maior que 2 cms e pode ocorrer em mais locais.

Portanto a probabilidade de um gato ficar com fibrosarcoma, depois de ter sido vacinado contra o Vírus da Leucemia Felina, é muitíssimo mais baixa do que a probabilidade deste apanhar a doença por não estar vacinado.