quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Leishmaniose



A Leishmaniose Canina é uma doença considerada grave pelo seu prognóstico, de evolução crónica, e fatal nos cães e potencial de propagação, tendo apresentado em Portugal um crescimento muito significativo nos últimos anos.
A causa da Leishmaniose é um parasita protozoário microscópico (Leishmania infantum), sendo a doença transmitida de cão para cão através da picada de fêmeas de dípteros do género Phlebotomus.

TRANSMISSÃO

Como já foi referido, a doença é transmitida de cão para cão através da picada de um determinado tipo de insecto, do género Phlebotomus.
Os flebótomos são insectos pequenos de cor castanho claro até escuros. São nocturnos, sendo do entardecer ao amanhecer o período de maior actividade, preferindo as noites quentes mediterrâneas (superior a 16ºC). Necessitam de brisas suaves devido ao seu pequeno porte, podendo deslocar-se até um raio de 2 Km. Assim, no Mediterrâneo o período destes insectos pode iniciar-se em Março, com um pico de Julho a Setembro, podendo prolongar-se até Outubro, em plena época de caça. São mais abundantes em áreas rurais, zonas urbanas arborizadas e locais o­nde exista matéria orgânica em decomposição
(ex. lixeiras, aterros).

SINTOMAS

O parasita multiplica-se na medula óssea, no baço, e nos gânglios do animal, originando um quadro de sintomas muito variável.
É importante referir que existem animais assintomáticos, ou seja, existem cães sensíveis á infecção e outros que são resistentes devido a imunidade mediada celular. No entanto, os animais assintomáticos (não apresentam sintomas) são portadores.
No caso dos sintomáticos a leishmaniose pode desenvolver-se de duas formas:

  • Leishmaniose cutânea: caracteriza-se por feridas cutâneas persistentes.

  • Leishmaniose visceral: desenvolve-se em órgãos internos como fígado, baço e medula óssea.

No entanto os sintomas são muito variados e comuns a muitas outras doenças, sendo os mais frequentes o emagrecimento, hiperqueratose nasal e/ou digital, feridas persistentes na pele que não cicatrizam, queda de pêlo, lesões oculares, fraqueza geral e apatia, febres irregulares, crescimento exagerado das unhas, aumento do fígado e baço, epistaxis (hemorragias pelo nariz), anemia, seborreia. A deposição de imunocomplexos circulantes na parede dos vasos do glomerulo e nas articulações, devido a resistência de antigénios circulantes que provocam uma estimulação antigénica crónica, pode levar a insuficiência renal e claudicação respectivamente.

TRATAMENTO

A leishmaniose é uma doença de evolução crónica, que sem tratamento leva à morte do animal, e o animal pode manter uma boa qualidade de vida durante muitos anos desde que tratado adequadamente. Existem vários protocolos de tratamento, vão depender do estado do animal, das análises, entre muitos outros factores. O animal pode ficar sempre portador do parasita pelo que se devem efectuar controlos periódicos de 3 em 3 meses para prever e evitar recaídas. As fêmeas devem ser esterilizadas porque durante o cio as suas defesas imunitárias diminuem originando recaídas graves.



PREVENÇÃO

Actualmente, e não havendo uma vacina comercializada na Europa, a única forma de prevenir a doença é através da utilização correcta de repelentes de insectos, entre eles, coleiras impregnadas com deltametrina, como a coleira Scalibor, que segundo a Organização Mundial de Saúde demonstrou conseguir prevenir 95% das picadas de flebótomos durante 6 meses.