terça-feira, 14 de maio de 2013

GOLPE DE CALOR



A morte relacionada com o calor é uma situação completamente evitável e trágica para os animais de estimação.Não há estatísticas sobre quantos cães morrem todos os anos de exposição ao calor, pois a maioria dos casos não são notificados. Mas as estimativas são de centenas de animais de estimação.

A morte por golpe de calor é lenta, agonizante e desnecessária a cada verão.

Com a chegada do calor as pessoas sentem-se mais tentadas a passear ao ar livre e a ir à praia ou campo com os seus animais. Aproveitam para os exercitar até porque há mais tempo livre e a temperatura é mais apelativa, no entanto, existem cuidados especiais a ter em atenção, para que o seu animal não faça parte das estimativas.

Ao contrário de nós, o cão não transpira pela pele. Para manter a sua temperatura corporal, o cão geralmente procura superfícies frias ou locais sombrios. Quando não consegue faze-lo, a ventilação pulmonar aumenta e o cão manifesta uma respiração ofegante – começa a arfar, infelizmente este mecanismo de arrefecimento é muito menos eficaz do que a transpiração.

Quando a temperatura exterior é superior à temperatura corporal nem mesmo uma respiração ofegante consegue manter a temperatura corporal normal. O cão atinge temperaturas elevadas (acima dos 39ºC) mas não está relacionada a febre, a esta condição dá-se o nome de golpe de calor. Um golpe de calor pode conduzir à disfunção de múltiplos órgãos e à morte.

Os cães com golpe de calor começam a ficar inquietos e desconfortáveis à medida que a temperatura deles aumenta. Começam a ter dificuldade em respirar e ficam fracos. Neste momento a morte pode ocorrer em minutos, a não ser que o animal receba assistência médica imediata. Infelizmente os donos não se apercebem dos sinais de golpe de calor até ser tarde demais.

Na maioria das vezes, o golpe de calor acontece aos cães nos dias mais quentes. É mais comum em cães velhos, e em cachorros que são propensos ao excesso de exercício. Raças Braquicefálicas, animais obesos, cães de pêlo longo e/ou grosso, cães que são pretos ou de cor escura também têm predisposição. Cães com hipertiroidismo, doença cardíaca, doença pulmonar têm um risco elevado.

Devem ter em atenção os seguintes sintomas:

  • Inquietação ou agitação sem motivo aparente;
  • Latir ou vocalizar;
  • Ofegante;
  • Espuma na boca;
  • Salivação excessiva (hipersalivação);
  • Dificuldade para respirar (dificuldade respiratória; dispnéia);
  • Elevação da freqüência cardíaca (taquicardia);
  • Gengivas secas e vermelhas;
  • Vômitos;
  • Diarreia (pode ser sanguinolenta);
  • Confusão, desorientação;
  • Falta de coordenação (ataxia);
  • Letargia, apatia;
  • Fraqueza;
  • Decúbito (cão se deita e é difícil de acordar);
  • Convulsões;
  • Tremores musculares descontrolados;
  • Colapso
  • Coma 
Os cães devem ter sempre livre acesso a água fresca e a sombra, especialmente em climas quente, por isso não devem ser deixados presos ao sol sem ter hipótese de se deitar à sombra.

Eles nunca devem ser deixados num carro com as janelas fechadas ou entreabertas, mesmo se o carro está estacionado na sombra e mesmo que seja apenas por uns minutos.

Durante uma viagem deve manter as janelas abertas para haver circulação de ar ou manter o ar condicionado ligado. Mesmo com estes cuidados deve ser sempre feita algumas paragens durante a viagem para fornecer água fresca ao seu animal de estimação.

Nenhum cão deve praticar exercício tenazmente nas horas de maior calor.

Cães com doença respiratória preexistente ou problemas respiratórios devem ser mantidos dentro de casa com um ambiente fresco.

O choque térmico pode matar um cão num período muito curto de tempo, se não for tratado agressivamente. Os objetivos do tratamento são estabelecer uma via aérea aberta e fornecer oxigênio para melhorar a troca gasosa e permitir a dissipação adicional de calor, resfriar o cão, baixar a temperatura do corpo para o intervalo normal e identificar e resolver a causas de sobreaquecimento.

Uma série de condições potencialmente perigosos podem ocorrer após golpe de calor, incluindo anomalias cardíacas, insuficiência renal, insuficiência hepática, problemas na medula óssea, edema de laringe, edema cerebral, coagulação intravascular disseminada (DIC), convulsões e sangramento espontâneo, entre outros. Estes podem acontecer a partir de horas ou dias após o evento inicial. Os pacientes devem ser monitorizados o tempo todo durante os primeiros dias após o processo de esfriamento. Mais uma vez, o reconhecimento precoce e tratamento agressivo de golpe de calor são essenciais para um resultado bem-sucedido.

O prognóstico é altamente variável dependendo da rapidez com que a condição é tratada. Os cães que recuperaram de golpe de calor costumam sofrer efeitos colaterais a longo prazo. No entanto, quando um cão desenvolve sinais neurológicos, como convulsões ou coma, o prognóstico é muito mais reservado.

Desfrute da companhia do seu animal de estimação sempre com os cuidados necessários para que um divertido passeio num dia de verão não acabe em tragédia







quarta-feira, 10 de junho de 2009

Vou de Férias! Onde deixo o meu cão?



Hotel para cães da Quinta dos Bichos
(tambem para repteis, anfibios, aves e roedores)
TAMBÉM COM GATIL
(não deixe o seu gato na rua)


Documentos necessários:

  • Boletim de vacinas e desparasitação em dia;
  • Para cães de raças consideradas potencialmente perigosas é necessário o seguro conforme Dec. Lei 312/2003 de 17 de Dezembro. Portarias 422/2004 de 24 de Abril e 585/2004 de 29 de Maio.

Admissão:

  1. Só será admitido se apresentar um bom aspecto geral, livre de parasitas, ferimentos e problemas de pelagem ou pele.
  2. Se o proprietário achar conveniente deixar cama e brinquedos poderá faze-lo;
  3. Durante a estadia os cães terão passeios diários, juntamente com outros cães ou não, conforme a preferência do dono e o temperamento do cão;
  4. Se assim o desejar o seu cão será passeado à trela sem qualquer acréscimo de preço diário;
  5. Se for necessário o cão será imediatamente assistido pelo veterinário do hotel, decorrendo as despesas por conta do proprietário, sendo este logo avisado telefonicamente;
  6. No caso do período de estadia previsto ser excedido sem aviso prévio (3 dias), após o ultimo dia acordado, o animal será considerado abandonado e conduzido ás dependências municipais;
  7. A Quinta dos Bichos não se responsabiliza em caso de acidente, doença ou morte do animal;
  8. Só são admitidos mediante condições especíais:
  • Cachorros em fase de vacinação;
  • Cães com doenças contagiosas;
  • Cadelas grávidas ou com crias(com acordo prévio);
  • Cães agressivos com estranhos;
  • Cães que não apresentem os requisitos julgados necessários pelos responsáveis da Quinta dos Bichos;

Mais informações consulte o site da Quinta dos Bichos:

sexta-feira, 5 de junho de 2009



"Não importa que sejam poucas as suas posses e o seu dinheiro.
Ter um cão torna-o rico."
Louis Sabin

Protocolo Vacinal Cão



A vacinação anual, incluindo uma verificação geral de saúde, fornece a mais comprovada protecção contra doenças fatais

As vacinas protegem contra algumas doenças, muitas delas fatais para o animal e algumas podem mesmo ser transmitidas aos humanos.
Recomendações a cerca do tipo e especialmente sobre a frequência da vacinação têm mudado drasticamente nos últimos anos.
As doenças mais importantes são a
parvovirose, esgana, leptospirose, hepatite infecciosa canina e raiva. Contudo existem vacinas disponíveis para outras doenças que podem provocar quadros clínicos muito graves. Destas doenças a leptospirose é uma zoonose, ou seja, é transmitida de cão para pessoa e pode ser fatal.

As vacinas podem ser essenciais, ou seja, aconselhadas a todos os pacientes saudáveis, pela sua elevada mortalidade/morbilidade devem fazer parte de um esquema obrigatório para todos os animais. São também vacinas com dados que comprovam a sua eficácia na imunização e protecção dos pacientes. Podem ser também vacinas opcionais, isto é, são escolhidas em função do risco de exposição dos pacientes. Algumas vacinas são classificadas como opcionais pela dificuldade de demonstração da sua eficácia ou por dizerem respeito a doenças cuja morbilidade é baixa podendo por vezes serem mesmo autolimitantes.

  • Vacinas essenciais – Esgana, Parvovirose, Hepatite infecciosa canina e leptospirose.
  • Vacinas opcionais - Babesia, Bordetella bronchiseptica, tosse de canil.
  • Vacina obrigatória em Portugal - Raiva.

Durante a amamentação, o cachorro recebe uma imunidade temporária através do leite, os anticorpos maternos. É por causa desta imunidade que a capacidade de um cachorro responder a uma vacina é inferior á de um indivíduo adulto, pois os anticorpos maternos são neutralizantes e enquanto estiverem presentes as vacinas não têm capacidade de estimular o sistema imune do cachorro. Esta imunidade protege o cachorro durante as primeiras semanas de vida, mas a certa altura começa a falhar e o cachorro tem que ser capaz de estabelecer a sua própria imunidade de longa duração, como não podemos determinar com exactidão o momento em que o cachorro perde a imunidade maternal faz-se uma primovacinação, ou seja, é necessário reforçar as vacinas administradas para que os anti-corpos se mantenham em circulação por um período de tempo mais prolongado, desta forma mantêm-se um titulo circulante de anti-corpos seguros para o animal.

A vacinação pode-se iniciar às 6-8 semanas, faz-se um primeiro reforço as 9-11 semanas e um segundo reforço às 12-14 semanas, nesta altura pode-se vacinar contra a raiva também. 1 ano após a primeira vacina deve fazer um reforço e a partir dai revacinar de 3 em 3 anos. A vacina da raiva tem que ser reforçada todos os anos.
Se o seu cão costuma ficar em canis e hotéis ou ir a exposições deveria também vaciná-lo contra a tosse de canil. Todas as outras vacinas que também são opcionais devem ser discutidas com o seu médico veterinário sobre a administração ou não das mesmas.




As vacinas desempenham um papel importante em manter o cão saudável. Não hesite em vacinar o seu cão, para segurança dele e da família que o rodeia.


quarta-feira, 3 de junho de 2009

Eclâmpsia



Eclâmpsia ocorre mais comummente durante o inicio da lactação e em cães pequenos com ninhadas grandes. É raro nas gatas.


Eclâmpsia é o aparecimento súbito de sinais clínicos associados a baixos níveis de cálcio no sangue (hipocalcemia) que ocorre em cadelas antes do parto ou pós-parto durante a lactação.
É mais comum em raças Toy, ocorre com mais frequência na segunda ninhada e entre a 2ª e 3ª semana pós-parto.

Causas

As causas que podem contribuir para a queda das concentrações séricas do cálcio são várias:

  • Nutrição pré-natal e durante a lactação inapropriada;
  • Suplementação excessiva de cálcio durante a gravidez – Existe uma hormona, a PTH (hormona paratiroide) que é responsável por controlar as concentrações de cálcio extracelular. Se a cadela recebe grandes quantidades de cálcio durante a gravidez, a produção da hormona através das glândulas paratiroides diminui e quando a cadela precisa de grandes quantidades de cálcio para a produção de leite o sistema não está preparado para o remover dos ossos, porque demora algum tempo até que a glândula paratiroide esteja preparada para produzir a hormona outra vez. Devido á falta da hormona os níveis de cálcio descem de repente e produz sinais de eclâmpsia;
  • Falta de suplementação de cálcio durante a lactação;
  • Perda de cálcio pelo leite – Os cachorros consomem uma grande quantidade de leite num curto espaço de tempo, isto resulta numa remoção de cálcio do sangue para o leite também num curto espaço de tempo. Antes que o organismo seja capaz de restabelecer o balanço, os níveis de cálcio são muito baixos, resultando nos sinais clínicos.

Sintomas

Eclâmpsia é um distúrbio muito grave, mas felizmente os sinais são bastante fáceis de se reconhecer, especialmente quando associados ao fim da gravidez e/ou produção de leite.


Sintomas de hipocalcemia:


  • Nervosa e agitada;
  • Rigidez muscular – dificuldade em andar;
  • Tremores musculares;
  • Convulsões;
  • Hipertermia – temperaturas muito altas;
  • Taquipneia – aumento da frequência respiratória;

Se não for tratada rapidamente pode levar a um edema cerebral, coma e á morte.

Prevenção

  • Não suplementar com cálcio durante a gestação - apenas quando há recomendação médica;
  • Suplementar com cálcio a cadela durante a lactação - segunda recomendação médica;
  • Alimentar a cadela durante a gestação com uma boa ração para cachorros;

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Coprofagia




Coprofagia é o termo usado para descrever o comportamento de ingestão de fezes. É referido como um problema comportamental dos cães. Pode-se tornar num comportamento de risco quando o animal ingere as fezes de outro animal/espécie, desta maneira pode contrair doenças transmitidas através das fezes. Para além deste risco é um comportamento desagradável e muito comum.
A coprofagia pode ser classificada em dois grandes grupos:

Pelo tipo de fezes ingeridas:

  • Cães que comem fezes de herbívoros: Comportamento comum de ser observado em carnívoros silvestres. Este tipo de fezes, como por exemplo, fezes de cavalo, é uma fonte de produtos de digestão microbiológica além de fornecerem nutrientes aos cães;
  • Cães que comem fezes de gato;
  • Cadelas que comem fezes dos cachorros recém-nascidos – comportamento normal;
  • Cães que comem as próprias fezes;
  • Cães que comem fezes de cães adultos;
  • Cães que comem fezes humanas;
  • Casos mistos.

Pelas causas:

Várias são as hipóteses sugeridas como causas da coprofagia, no entanto, não há respostas definitivas. A razão para uma não definição deste problema é a variabilidade (causas multifatoriais) das situações que predispõem um animal a este comportamento. As principais causas são:

  • Comportamentais:

1. A cadela que come as fezes dos cachorros fá-lo para manter a zona limpa;

2. Cães mantidos em canis públicos ou abrigos particulares parecem exibir mais frequentemente este comportamento.

3. Punições excessivas e/ou mal aplicadas relacionadas a eliminações do cão podem levá-lo a comer fezes como forma de evitar a punição;

4. Ansiedade de separação;

5. Pode ser uma imitação do comportamento do dono, quando limpa as fezes.

  • Metabólicas:

1. Deficiência alimentar: qualquer situação de insuficiência no fornecimento de nutrientes poderia determinar este comportamento. Estudos indicam que, de maneira geral, fezes podem ser fontes de enzimas digestivas, proteínas, gorduras e vitaminas do complexo B;

  • Patológicas

1. Insuficiência pancreatica exocrina;

2. Doença inflamatória intestinal;

3. Sobrecrescimento bacteriano intestinal;

4. Megaesófago e/ou estenose esofágica;

5. Parasitas intestinais;

6. Hipertiroidismo;

7. Diabetes mellitus;

8. Hiperadrenocorticismo;

9. Devido a certos medicamentos (glucocorticoides, Fenobarbital... etc).

Sintomatologia

  • Halitose;
  • Diarreia;
  • Vómito;
  • Flatulência;
  • Perda de peso.

Diagnóstico

O diagnóstico é baseado na história do dono. Deve-se distinguir se é uma causa comportamental ou médica. Uma avaliação completa da dieta do animal, do ambiente, do apetite, e de movimentação é essencial. Um exame físico completo é necessária para avaliar doenças subjacentes.

Tratamento

O tratamento varia dependendo se a causa é médico ou comportamental.

  • Tratamento de qualquer endocrinopatia, doenças gastrointestinais, distúrbios pancreáticos, e retirar qualquer droga que possa causar polifagia (fome excessiva). ;
  • Corrigir eventuais deficiências dietéticas;
  • Comportamentais: pode-se tratar de diversas formas: pode-se reduzir o acesso às fezes pela rápida eliminação; passear os cães com trela para facilitar a remoção da proximidade das fezes. Oferecer um alimento de recompensa ao cão quando ele defeca, assim é de esperar que, em vez de procurar pelas fezes procura por comida.



"A compaixão para com os animais
é uma das mais nobres virtudes da natureza humana"
Charles Darwin

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Esterilização. Porquê?




A Piómetra é uma desordem uterina crónica de origem hormonal, causada por uma infecção bacteriana uterina que pode resultar em severa bacteremia e toxemia, comum em cadelas e gatas não esterilizadas.

A piómetra (infecção uterina) é causada pela repetida exposição do endométrio (mucosa que reveste a parede uterina) á progesterona. O distúrbio surge no diestro, fase caracterizada pela ocorrência de secreção activa de progesterona, geralmente três a seis semanas após o fim do cio, podendo, contudo, aparecer logo no final do estro. A progesterona é uma das hormonas envolvidas no ciclo menstrual produzida pelo corpo lúteo, responsável por promover as actividades proliferativas e secretoras das glândulas endometrais e responsável pela manutenção da gravidez.


















Após o "cio" os níveis desta hormona permanecem elevados durante cerca de 8 a 10 semanas provocando um espessamento da parede do útero como preparação para a gravidez. Se a gravidez não ocorre, após vários ciclos, a espessura da parede continua a aumentar até a formação de quistos no seu interior.
O cérvix (porta de entrada d
o útero) normalmente está fechado, mas durante o estro abre e permite a invasão bacteriana secundária ascendente a partir da vagina, se o útero se encontrar normal o ambiente é hostil á sobrevivência destas bactérias, mas na presença destes cistos, que contem células secretoras que libertam fluidos, e os níveis elevados de progesterona que inibem a contracção muscular da parede do útero levando á acumulação dos fluidos cria-se o ambiente ideal para o crescimento bacteriano.
Factores predisponentes como a duração prolongada do cio na cadela, permite que o colo uterino (cérvix) permaneça muito tempo aberto, sendo possível a contaminação. Em gatas, considerando que há necessidade de cópula para que ocorra a ovulação, a piómetra ocorre após cruzamentos ou de forma iatrogênica, pela administração de contraceptivos. A piometra ocorre mais comumente em cadelas adultas, de 8 a 10 anos e em gatas a média fica em torno dos 7 anos. O uso de medicamentos á base de progesterona ou estrogénios podem provocar o mesmo fenómeno, uma vez que o estrogénio promove o crescimento, a vascularização e um edema do endométrio, além de aumentar o número de receptores de progesterona, ampliando o efeito desta.

Sintomatologia
A piómetra pode ser classificada:

  • "Aberta" - Na piómetra com cérvix aberto o pus acumulado no útero drenará para o exterior, provocando uma descarga vulvar inodora de consistência mucosa a purulenta e coloração variável.
  • "Fechada" - Na piómetra com cérix fechado o pus formado não é drenado para o exterior e acumula-se no útero provocando uma distensão abdominal. Neste tipo de piómetra pode ocorrer septicemia pois as bactérias libertam toxinas que entram na corrente sanguínea.

Em ambos os tipos de piómetra os animais podem apresentar:

  • Anorexia;
  • Vómito;
  • Diarreia;
  • Depressão;
  • Letargia;
  • Poliúria e Polidpsia, porque o organismo tenta eliminar a infecção por meio da filtração renal, porém devido ao excesso de secreção ocorre uma sobrecarga dos rins, levando a uma insuficiência renal.

Tratamento

Cirurgia - Consiste na remoção cirúrgica do útero e ovários (Ovário-Histerectomia).

Médico - Existe tratamento clinico á base de medicamentos (prostaglandinas) que diminuem os niveis de progesterona no sangue, promovendo o relaxamento e abertura do cérvix e promove também a contracção do útero expelindo desta forma as bactérias e o pús. Este tipo de tratamento não pode ser feito em piómetras fechadas.


Se o tratamento adequado não for realizado rapidamente os efeitos tóxicos bacterianos serão fatais, pode ocorrer a ruptura do útero espalhando-se a infecção para a cavidade abdominal provocando uma peritonite levando o animal á morte em 48horas.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A Vacinação é importante






Mesmo com 7 vidas, vacinar a cada 12 meses, aumenta a saúde e qualidade de vida do seu Gato.






A maioria dos gatos estão vacinados contra muitas doenças infecciosas, desta forma muitas delas são relativamente raras. Mas quando não vacina o seu gato não só o mete em risco como a toda a população de gatos.


Todos os gatos devem estar no mínimo vacinados contra:

  • Enterite Infecciosa Felina ou Panleucopénia Felina;
  • Calicivirus Felino;
  • Rinotraqueite Felina;
  • Vírus da Leucemia Felina (FelV).

Também é recomendado vacinar contra o Clamídia. A vacina contra a raiva apenas é obrigatória para os cães, mas no caso de querer sair do país com o seu gato este tem que ser vacinado.

A vacinação inicia-se a partir das 6 semanas, com reforço as 10 semanas e outras as 14 semanas, depende do tipo de protocolo. Após a primo-vacinação a vacina começa a ser administrada anualmente.

Nos gatos adultos deve-se realizar o teste de despiste de FIV e FeLV sempre antes de serem vacinados, pois só assim podemos adaptar o protocolo ao animal em questão.

Vacinação e os Fibrossarcomas

Os sarcomas de partes moles correspondem a 7% de todos os tumores em pele e tecido subcutâneo que acometem os gatos, sendo o fibrossarcoma o tipo mais frequente.
Até o final dos anos 80 a incidência de fibrossarcoma em gatos era muito baixa e acometia, principalmente animais idosos. No início da década de 90, notou-se um grande aumento na incidência de sarcomas em gatos, principalmente a de fibrossarcomas. Pesquisadores relacionaram esse aumento com o surgimento de uma Lei estadual que obrigava a vacinação anti-rábica de todos os gatos, já que 75% desses sarcomas eram localizados em locais utilizados para aplicação de injecções, inclusive vacinas. A partir dai começaram associar alguns sarcomas com locais de aplicação de vacina, baseando-se na história clínica, local anatómico afectado e aparência histológica.

A patogenia exacta é desconhecida, mas a teoria mais frequente é que são causados pelos adjuvantes, que levam a estimulação de fibroblastos e miofibroblastos, resultando numa inflamação, que associada ou não a outros carcinógenos não identificados ou oncógenes, levam à transformação neoplásica e desenvolvimento do tumor. Para este argumento não há nenhum dado científico que o sustente. O principal argumento contrário é a raridade deste evento.

Num estudo feito em 2002 pelo Dr. Kass, em que foram analisados 31,671 gatos que receberam 61,747 doses de vacina, foram encontrados somente 2 sarcomas: um num gato que recebeu a vacina anti-rábica com adjuvante, e outro num gato que recebeu uma combinação de vacinas contra Leucemia Felina, Panleucopénia, Rinotraqueite, Calicivirose e Clamidia. Por tanto, neste estudo em que envolveu uma amostra extensa de gatos a incidência de fibrossarcoma foi de 1 caso para cada 30.000 vacinas aplicadas, o que prova a baixa incidência.

Algumas recomendações são feitas em relação á vacinação, como por exemplo:

No entanto o aparecimento de altos na zona de inoculação após a vacinação pode ser normal, e é importante que saiba a diferença entre reacção inflamatória de um fibrossarcoma para que não se assuste.

A inflamação é passageira, dolorosa ao toque e deverá desaparecer espontaneamente dentro de 3 a 5 dias.
Já o fibrossarcoma é duro, irregular e vai aumentando ao longo do tempo. O diâmetro é maior que 2 cms e pode ocorrer em mais locais.

Portanto a probabilidade de um gato ficar com fibrosarcoma, depois de ter sido vacinado contra o Vírus da Leucemia Felina, é muitíssimo mais baixa do que a probabilidade deste apanhar a doença por não estar vacinado.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Vírus da Leucemia Felina (FelV)




É transmitida por um Retrovírus, isto é, vírus que se caracterizam por terem um genoma constituído por RNA simples em vez de DNA. Estes vírus produzem uma enzima, a transcriptase reversa, e através dela realizam uma etapa da invasão celular denominada retrotranscrição, ou seja, têm a capacidade de inserir na célula infectada uma cópia do seu próprio material genético. Por fim os novos retrovírus formados dentro da célula hospedeira (célula que foi infectada) saem dela por um processo lítico (rompendo a célula devido ao grande número de vírus) ou lisogênico (sem romper a célula).
Este tipo de vírus não pode ser combatido devido ao facto de sofrer mutações constantes. Este mesmo tipo de vírus é o causador de uma doença humana cuja cura ainda não foi descoberta, a SIDA, no entanto FelV não é transmitido de gato para humano, pois são específicos para cada tipo de espécie, pertencem apenas á mesma família, retroviridae.

Esta doença impede que o sistema imunitário funcione de forma adequada, isto é, causa uma imunosupressão ou depressão do sistema, tornando o gato mais susceptível a infecções secundárias oportunistas e promove a formação de tumores malignos. Os gatos infectados morrem num período de 2 a 3 anos após infecção.
Foi inicialmente detectado na Escócia, em 1964, em alguns gatis, onde se presenciou uma epidemia do cancro. Mais tarde descobriu-se que muitos dos gatos infectados desenvolviam tumores malignos das células dos linfonodos e da medula óssea. Deprimiam assim a produção de glóbulos brancos e vermelhos, provocando o aparecimento de infecções e anemias. Quando estas células tumorais se encontram no sangue, o cancro designa-se como Leucemia.
No entanto também se podem encontrar tumores em diversos locais do organismo como no fígado, rins, tórax e tracto gastrointestinal.

O vírus é libertado em grande quantidade através da saliva, secreções nasais, urina e fezes de animais infectados. Mordeduras, lambidelas e amamentação também são uma forma de transmissão de gato para gato, e a partilha de comedouros, água e caixa de litter (caixa com pedrinhas ou casa de banho dos gatos).
O vírus não sobrevive durante muito tempo no meio ambiente, provavelmente menos de algumas horas em condições normais.


A sintomatologia é variada devido ao facto de vários sistemas do organismo poderem ser afectados:

  • Perda de apetite e consequente perda de peso;
  • Fraqueza;
  • Febre;
  • Anemia;
  • Doenças imunomediadas;
  • Problemas de reprodução;
  • Doenças Gastrointestinais: Vómito; Diarreia;
  • Problemas Neurológicos: Convulsões; Cegueira; Paralisia; Ataxia; Alterações do comportamento;
  • Aumento dos gânglios linfáticos;
  • Problemas respiratórios e oculares;

Não existe neste momento um tratamento que permita eliminar o FeLV, apenas é possível assegurar os cuidados paliativos de suporte e o controlo das infecções bacterianas secundárias através do uso de antibióticos. Pode também recorrer-se à Quimioterapia para controlar por alguns meses a um ano (ou mais, nalguns casos), os tumores malignos induzidos pela doença.



A infecção pelo FeLV é uma afecção letal para os gatos, que pode ser prontamente prevenida. Todos os animais em risco devem ser vacinados regularmente.



Complexo Respiratório Viral Felino



“Complexo respiratório viral felino” é o termo usado para descrever uma condição que afecta a boca, as fossas nasais e as vias aéreas superiores nos gatos bebés, gatos não vacinados e gatos debilitados. Existem várias causas mas cerca de 80% - 90% dos casos são causados herpesvírus tipo 1 (Rinotraqueite felina) e pelo Calicivírus.

Ambos os vírus são transmitidos pelo contacto com as secreções dos olhos e das fossas nasais dos gatos infectados – contacto directo - ou através dos comedouros, bebedouros, das mãos, as camas, as jaulas etc., que tenham sido contaminadas com secreções infectadas.

Os sintomas variam consoante o vírus:


Rinotraqueite Felina:


  • Rinite;
  • Espirros;
  • Descarga nasal mucopurulenta;
  • Conjuntivite;
  • Úlceras na córnea;
  • Hipersalivação;
  • Abortos;
  • Febre;
  • Perda severa de apetite;
  • Depressão severa.

Calicivírus Felino:

  • Descarga nasal;
  • Espirros são raros;
  • Descarga ocular;
  • Úlceras orais (língua e palato) – sintoma característico;
  • Gengivite crónica – Consequência da doença;
  • Pneumonia;
  • Dores musculares e nas articulações;
  • Úlceras nas patas;
  • Febre inconsistente;
  • Perda de apetite;
  • Enterite (Diarreia, vómito);
  • Depressão suave.

É importante lembrar que alguns sinais clínicos, como as afecções oculares, podem ocorrer sem que haja qualquer sinal respiratório. Sendo que, nem todos estes sinais podem estar presentes num mesmo gato doente.

A maioria dos gatos infectados com herpesvírus tipo 1 e calicivírus tornam-se portadores crónicos, ou seja continuam infectados mas não demonstram quaisquer sinais de doença. No caso da rinotraqueite felina só apresentam sianis clínicos quando submetidos a situações de stress (Viagem, mudança de casa, animal novo em casa, etc.). Já o calicivírus não precisa de nenhum factor de stress para demosntrar sinais clínicos.

Clamídia

O complexo respiratório viral felino ainda pode ser agravado por bactérias oportunistas, como por exemplo, Chlamydia psittaci.
Clamídia é responsável por quadros oculares e respiratórios:

  • Conjuntivite mucopurulenta aguda ou crónica unilateral e mais tarde bilateral;
  • Descarga nasal suave;
  • Espirros;
  • Tosse;
  • Pneumonia subclínica – sem sintomatologia definida.

O herpesvírus e o calicivírus não são contagiosos para o homem mas a clamídia é uma zoonose

Enterite Infecciosa Felina



Conhecida também por Parvovírus Felino (agente causador da doença) ou Panleucopénia Felina (devido á diminuição de glóbulos brancos)


Afecta principalmente animais recém nascidos e jovens. O vírus tem um período de incubação entre 5 a 9 dias, e se a resposta do sistema imunitário não é adequada para proteger o gato, o vírus entra na circulação sanguínea e vai até á medula óssea e gânglios linfáticos causando uma grande diminuição nos glóbulos brancos. Daqui o vírus segue até aos intestinos causando a destruição das células do revestimento do intestino.

A contaminação dá-se pelo contacto directo ou indirecto, através da saliva, vómito, fezes e urina de animais doentes. Através de alimentos e água contaminada. Pode ser transmitida aos bebés através da placenta, neste caso ou ocorre morte dos fetos ou estes nascem com um mau desenvolvimento no cerebelo, região do cérebro responsável pela coordenação dos movimentos. Á nascença aparentam ser normais mas á medida que se vão tornando mais activos apresentam incoordenação dos movimentos e com tremores nos músculos das pernas frequentes. Podem apresentar também problemas na visão.


Sintomas

O animal infectado com o vírus apresenta-se:


  • Prostado, depressão profunda;
  • Febre;
  • Falta de apetite;
  • Vómito;
  • Diarreia com sangue;
  • Anorexia;
  • Desidratação;
  • Leucopénia – Diminuição das células de defesa, os glóbulos brancos.

Panleucopénia felina é uma doença extremamente perigosa para o gato, mas com a existência de uma vacina eficaz existem menos incidências desta doença. Mesmo vacinados é importante evitar o contacto com animais doentes e lugares que abrigaram os mesmos.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Cães e Gatos Vegetarianos/Vegans



A alimentação dos animais de estimação dos veganos é por vezes uma questão controversa, principalmente do ponto de vista ético. Se por um lado um vegano respeita todas as formas de vida, o que implica não sujeitar os outros à sua opção de alimentação/vida vegana, não deveria submeter um animal a uma alimentação vegetariana. Mas por outro lado comprar comida "normal" para animais domésticos é dar apoio à mesma indústria da carne, com toda a sua crueldade, exploração, desperdício e danos ambientais, à qual o veganismo se opõe.

As opiniões em relação a esta questão divergem bastante, tanto de médico para médico como de pessoas para pessoas. Na verdade é possível alimentar o cão com comida vegetariana, mas não é aconselhável alimentar um animal sem qualquer produto de origem animal.

Os ancestrais selvagens do gato doméstico moderno eram predadores - um instinto que o seu gato ainda tem. Se o seu gato lhe traz presentes como pássaros mortos ou caça ratos ele está a expressar um impulso natural e forte de perseguir e matar a presa. Os gatos são predadores natos, não nasceram para caçar rebentos de alfafa.
O gato é carnívoro e não sobrevive como vegan nem como vegetariano. O gato precisa de um nutriente extremamente necessário, o aminoácido chamado Taurina, sem este o gato pode ficar cego e com cardiomegália (coração aumentado) o que acabará por o matar. Necessitam também de Vitamina A e de ácido araquidônico encontrado apenas em tecido animal. É por estes motivos que não devemos dar ração de cão aos gatos, muito menos podemos dar uma alimentação em que se evita produtos de origem animal.
No entanto pode-se observar os gatos a ingerir plantas, pode ser para obter alguns nutrientes, para ajudar na digestão ou mesmo servir como emético para expelir pêlos ingeridos.


Dr. Richard Pitcairn PhD, veterinário vegetariano com experiência de 40 anos em clínica de cães e gatos comenta:
“Observo que na maioria das vezes os problemas tendem a aparecer quando os proprietários excluem da dieta todo e qualquer alimento de origem animal, incluindo ovos, leite e seus derivados. As pessoas podem viver bem com uma dieta vegan cuidadosamente elaborada, mas eu não a recomendaria para cães – e muito menos para os gatos.”

As pessoas que optaram por esta maneira de vida/alimentação não deveriam adquirir um cão ou um gato, mas sim uma tartaruga (não carnívora), talvez um coelho, uma ave… o ideal seria um Panda que apesar de ser da família dos carnívoros é quase vegan.
Gostar dos animais é pensar no seu bem-estar e qualidade de vida e não submete-los á nossa opção.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Emergência Tipo I, Dilatação/Torção Gástrica





A incidência de Torção Gástrica aumentou nos últimos 30 anos

A dilatação/Torção gástrica ocorre preferencialmente em animais de grande porte com tórax profundo, raças como o São Bernardo, Grand Danois, Weimaraner, Serra da Estrela e Boxer. O risco aumenta com a idade, mas não é pouco provável que ocorra num cão com 6 meses. A mortalidade em animais que tenham necessitado de intervenção cirúrgica varia entre os 10 – 18%, ocorrendo a maioria das mortes nos casos que necessitaram de esplenectomia e gastrectomia parcial.

Causas

A dilatação do estômago pode acorrer por diversos motivos:
  • Aerofagia;
  • Ingestão de alimentos secos;
  • Prática de exercício antes ou logo após a refeição;
  • Ingestão excessiva de água ou alimento;
  • Algum factor genético.



Como consequência desta dilatação o estômago pode fazer uma rotação sobre o seu eixo maior causando então a torção gástrica que pode levar também a uma torção esplénica.

Sintomatologia e consequências

Pode ocorrer uma dificuldade respiratória devida a pressão exercida no diafragma e tentativas de vomitar sem êxito devido á obstrução da passagem do cárdia para o esófago. Se o animal não for socorrido rapidamente entra em choque, pois o gás acumulado no estômago comprime as veias abdominais que transportam o sangue de volta para o coração, desta situação resulta uma diminuição de aporte de sangue para os tecidos que tem como consequência uma diminuição de aporte de oxigénio. Esta inadequada circulação sanguínea pode levar á necrose do estômago e ruptura da parede gástrica o que permite a entrada de toxinas na circulação sanguínea agravando ainda mais o estado do animal.

Caso Clinico, Dilatação com Torção gástrica e esplénica

Apresentou-se no Hospital Veterinário do Restelo no dia 16 de Maio de 2008, por volta da 00:20, um cão de raça São Bernardo, com 6 anos de idade, com evidente aumento volume abdominal. A dona referiu que o encontrou assim à mais ou menos 1 hora atrás, não sabendo quando terá acontecido pois é um animal que anda livre no jardim.

Achados no exame físico e
técnicas auxiliares de diagnóstico

O animal de peso 63 kg, ambulatório, apresentava abdómen muito distendido com som timpânico á percussão, mucosas ingurgitadas, taquicardia e taquipneia.
Foi encaminhado para a sala de radiografia, onde se realizou um exame radiográfico abdominal que revelou volvo gástrico.

Figura 38. Radiografia que demonstra dilatação e torção gástrica.
Colheu-se sangue para hemograma e ionograma. O hemograma realizado não revelou qualquer alteração relevante. O ionograma revelou um lactato de 4,39mmol/L (limites de referência 2,5). Os níveis de lactato no organismo é um indicador do estado de necrose gástrica, resultado da diminuição da perfusão, sendo níveis acima dos 6 mmol/L um mau prognóstico, e níveis abaixo dos 6 mmol/L têm cerca de 96% hipótese de sobrevivência.

Tratamento inicial

O animal foi canulado em ambas as cefálicas, com cateteres de grande calibre, e iniciou-se um tratamento por via intravenosa com solução de lactato de Ringer suplementado com Cloreto de Potássio (de acordo com o K sérico, que era de 4 mmol/L). Administrou-se também dois antibióticos, Ampicilina (na dose 22,5 mg/kg, por via intravenosa, TID) e Cefalexina (na dose 1 ml/18kg, por via subcutânea, BID). Foi-lhe administrado também um analgésico, Tramadol (na dose 0,06 ml/kg, por via subcutânea, BID).

Cirurgia

Após a estabilização inicial o animal foi encaminhado para a sala de cirurgia. A anestesia foi induzida com diazepam (na dose 0,1ml/kg por via intravenosa) e propofol (na dose1 ml/3kg, por via intravenosa) até entubação, sendo a manutenção da anestesia feita com isoflurano em oxigénio. Não foi possível a introdução de um tubo gástrico como tentativa de descompressão, passando-se a introduzir uma agulha de 18 – 20 G na zona caudal á direita da 13ª vértebra. Foram obtidas durante a cirurgia medições contínuas da pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória do animal, bem como da saturação de oxigénio. A pressão arterial média esteve sempre acima dos 60 mmHg (a sistólica acima dos 90 mmHg). A frequência cardíaca a rondar os 120 bpm e a saturação sempre > 98%.
Durante o procedimento os fluidos intravenosos foram mantidos (lactato de Ringer sempre suplementado com Cloreto de Potássio).
Foi realizada gastropéxia pela técnica “belt loop” com esplenectomia, pois o baço encontrava-se comprometido, e o cão recuperou da intervenção sem complicações. Ficou internado para monitorização até 48 horas pós cirurgia.

Internamento

O Bernardo permaneceu 18h a fazer recobro pós-operatório no internamento. Durante este período manteve-se hormotérmico (39,3 – 39,4 Cº). Urinou e defecou normalmente.
Foi realizado um ECG que resultou sem alterações. A alimentação foi introduzida 17h pós-operatório (Hills Prescription diet canine i/d®) gradualmente e o animal apresentou apetite normal. Diariamente efectuou-se limpeza e mudança de penso.
Ao 4ºDia o Bernardo teve alta com exame de estado geral normal, com indicações de maneio dietético e prescrição antibiótica e analgésica.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Síndrome de Cushing ou Hiperadrenocorticismo





Doença endócrina que se caracteriza por uma produção excessiva de cortisol pelas glândulas supra-renais (localizadas cranialmente aos rins)

Importância do cortisol no organismo:

1 Mantém a pressão sanguínea
2 Abranda a resposta inflamatória do sistema de defesa
3
Equilibrar os efeitos da insulina, promovendo a quebra de açucares para obtenção de energia
4 Regular o metabolismo das proteínas, hidratos de carbono e gorduras

Causas

Existem três causas possíveis para esta doença:

1 A produção de cortisol é regulada pela hipófise, dai uma das maiores causas desta doença ser derivada por um tumor na hipófise, numa grande percentagem dos casos o tumor é de pequenas dimensões e benigno e não causa aumento da pressão no cérebro.
2 Mais raro mas também causador de cushing é a presença de um tumor nas glândulas supra-renais.
3 Pode também ter uma causa iatrogénica isto é, deve-se a terapêuticas prolongadas com cortiçoesteróides.

Consoante a causa o síndrome de cushing pode ser:


  • Hipófiso-dependente
Um tumor na hipófise causa excesso de produção da hormona ACTH (hormona adrenocorticotrófica) que resulta no aumento de ambas as supra-renais. A hormona ACTH é responsável pela libertação de cortisol pelas glândulas supra-renais e pelo seu crescimento.


  • Não Hipófiso-dependente

Um tumor da supra-renal provoca aumento de uma das glândulas e consequentemente uma maior produção de cortisol.





Sintomatologia

Os sinais desta doença são extremamente variáveis e podem ser subtis nos estádios iniciais. Na maior parte das vezes não é possível distinguir qual das formas está presente pelos sinais clínicos. Este síndrome afecta animais idosos (com mais de sete anos) o que leva a maior parte dos donos a confundir os sinais com alterações normais do envelhecimento.
Os sinais da doença podem ser variados devido ao envolvimento das hormonas esteróides com praticamente todos os tecidos do organismo e orgãos. O aumento do cortisol no sangue pode afectar:

  • Pele


Verifica-se perda de pelo sem prurido e o aumento da fragilidade da pele, ficando mais propensa a lesões




  • Sangue
O excesso de cortisol no sangue torna as paredes dos vasos mais finas provocando hematomas com maior facilidade, podem aparecer estrias arroxeadas no abdomen. Visto que o cortisol ajuda a manter a pressão sanguínea uma vez em excesso leva a uma pressão exagerada.

  • Ossos e músculos
O cortisol ajuda a manter o equilibio de cálcio nos ossos, e em excesso leva a uma perda de calcio, tornando os ossos mais pequenos e frágeis. Leva também a uma atrofia e fraqueza muscular tornando o animal menos tolerante ao exercicio fisico.

  • Fígado
O cortisol estimula o funcionamento do fígado, em excesso o funcionamento será mais que o normal e com o tempo levará ao seu aumento. O seu aumento favorece um abdómen descaído (abdómen pendular)

  • Sistema Imnunitário

Como já foi referido o cortisol abranda a resposta do sistema imnunitário e em excesso leva a uma depressão deste ficando o animal mais suspectivel a infecções recorrentes.

Outros sinais

  • Polidipsia e poliúria
  • Aumento de apetite e consequente aumento de peso.
  • Nas cadelas o cio pode atrasar.
  • Atraso na cicatrização
  • Na maior parte das vezes o tumor da hipófise é de pequenas dimensões não causando problemas fisico, mas numa pequena percentagem o tumor pode ser suficientemente grande para causar problemas neurológicos como, depressão, convulsões ou cegueira.
Diagnóstico

1 Análises sanguíneas
2 Teste de simulação do ACTH - este teste serve para medir os niveis de cortisol no sangue, contudo os níveis desta hormona variam de hora para hora, por isso vão ser necessárias várias colheitas de sangue antes (T0) e após (T1, T2...) a administração de hormonas que teem a capacidade de afectar os niveis de cortisol. Uma concentração baixa de ACTH no sangue pode indicar um tumor numa glândula supra-renal e concentrações elevadas podem indicar um tumor na hipófise.
3 Ecografia Abdominal - A ecografia permite avaliar o tamanho das adrenais (supra-renais), se apenas uma das glândulas aparecer aumenta pode indicar um tumor numa das duas, se for um tumor na hipófise ambas vão aparecer aumentadas.
4 Radiografia
5 Análise de urina - Através da análise á urina pode-se descartar várias hipoteses como infecção urinária devido á depressão do sistema imunitário, o sindrome de cushing pode provocar diabetes mellitus que pode ser descartado através da análise de urina e a presença de cortisol na urina também pode indicar sindrome de cushing uma vez que este está aumentado no sangue mas não é um diagnóstico suficiente pois muitas outras doenças podem provocar o aparecimento de cortisol na urina.

Nota: Esta doença é rara em gatos mas também pode ocorrer.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Leishmaniose



A Leishmaniose Canina é uma doença considerada grave pelo seu prognóstico, de evolução crónica, e fatal nos cães e potencial de propagação, tendo apresentado em Portugal um crescimento muito significativo nos últimos anos.
A causa da Leishmaniose é um parasita protozoário microscópico (Leishmania infantum), sendo a doença transmitida de cão para cão através da picada de fêmeas de dípteros do género Phlebotomus.

TRANSMISSÃO

Como já foi referido, a doença é transmitida de cão para cão através da picada de um determinado tipo de insecto, do género Phlebotomus.
Os flebótomos são insectos pequenos de cor castanho claro até escuros. São nocturnos, sendo do entardecer ao amanhecer o período de maior actividade, preferindo as noites quentes mediterrâneas (superior a 16ºC). Necessitam de brisas suaves devido ao seu pequeno porte, podendo deslocar-se até um raio de 2 Km. Assim, no Mediterrâneo o período destes insectos pode iniciar-se em Março, com um pico de Julho a Setembro, podendo prolongar-se até Outubro, em plena época de caça. São mais abundantes em áreas rurais, zonas urbanas arborizadas e locais o­nde exista matéria orgânica em decomposição
(ex. lixeiras, aterros).

SINTOMAS

O parasita multiplica-se na medula óssea, no baço, e nos gânglios do animal, originando um quadro de sintomas muito variável.
É importante referir que existem animais assintomáticos, ou seja, existem cães sensíveis á infecção e outros que são resistentes devido a imunidade mediada celular. No entanto, os animais assintomáticos (não apresentam sintomas) são portadores.
No caso dos sintomáticos a leishmaniose pode desenvolver-se de duas formas:

  • Leishmaniose cutânea: caracteriza-se por feridas cutâneas persistentes.

  • Leishmaniose visceral: desenvolve-se em órgãos internos como fígado, baço e medula óssea.

No entanto os sintomas são muito variados e comuns a muitas outras doenças, sendo os mais frequentes o emagrecimento, hiperqueratose nasal e/ou digital, feridas persistentes na pele que não cicatrizam, queda de pêlo, lesões oculares, fraqueza geral e apatia, febres irregulares, crescimento exagerado das unhas, aumento do fígado e baço, epistaxis (hemorragias pelo nariz), anemia, seborreia. A deposição de imunocomplexos circulantes na parede dos vasos do glomerulo e nas articulações, devido a resistência de antigénios circulantes que provocam uma estimulação antigénica crónica, pode levar a insuficiência renal e claudicação respectivamente.

TRATAMENTO

A leishmaniose é uma doença de evolução crónica, que sem tratamento leva à morte do animal, e o animal pode manter uma boa qualidade de vida durante muitos anos desde que tratado adequadamente. Existem vários protocolos de tratamento, vão depender do estado do animal, das análises, entre muitos outros factores. O animal pode ficar sempre portador do parasita pelo que se devem efectuar controlos periódicos de 3 em 3 meses para prever e evitar recaídas. As fêmeas devem ser esterilizadas porque durante o cio as suas defesas imunitárias diminuem originando recaídas graves.



PREVENÇÃO

Actualmente, e não havendo uma vacina comercializada na Europa, a única forma de prevenir a doença é através da utilização correcta de repelentes de insectos, entre eles, coleiras impregnadas com deltametrina, como a coleira Scalibor, que segundo a Organização Mundial de Saúde demonstrou conseguir prevenir 95% das picadas de flebótomos durante 6 meses.

sábado, 29 de novembro de 2008

Insuficiência Renal Crónica, em Gatos




A insuficiência renal crónica é a afecção com maior taxa de mortalidade em gatos.
Funções dos rins
Os rins exercem várias funções de manutenção, que são vitais para o estado geral de saúde do gato.

1 Filtram os resíduos para fora da corrente sanguínea e excretam-nos para a urina.
2 Controlam os níveis de electrólitos no sangue (potássio, magnésio, cálcio, o qual regula as contracções do coração, sódio, que regula a quantidade de água no sangue e o fósforo)
3 Controla o pH e o estado de hidratação do animal
4 Produzem substâncias importantes no controlo da pressão arterial
5 Produzem a hormona eritropoietina que estimula a medula óssea a produzir glóbulos vermelhos.

Quando os rins começam a falhar, os sistemas orgânicos do animal começam a fazer ajustes para compensar, por exemplo, o animal começa a beber mais água e a urinar com maior frequência na tentativa de se livrar dos resíduos acumulados na corrente sanguínea.
A acumulação destes resíduos no organismo é tóxico para o animal causando uma urémia.

Causas

A insuficiência renal crónica pode ter uma ou várias causas, mas o factor mais comum que contribui para o aparecimento desta patologia é o processo normal de envelhecimento.
Pode também ser causada pela pressão arterial alta (hipertensão), níveis baixos de potássio, redução do pH do sangue resultando numa acidose metabólica, patologias ao nível da boca e alimentação muito rica em proteínas.
Pode ocorrer em qualquer idade e raça mas na maioria os gatos a partir dos 9 anos são mais afectados. Alguns estudos indicaram algumas raças com maior disposição para esta patologia, raças como o Siamês, Main coon, Persa e o Abissínio.

Sintomas

  • Poliúria (aumento da frequência urinária)
  • Polidpsia (aumento da ingestão de água)
  • Diminuição progressiva do apetite
  • Vómitos
  • Letargia
  • Diarreia
  • Anorexia
  • Mucosas pálidas
  • Úlceras na boca
  • Halitose (mau hálito)
  • Depressão
  • Anemia
  • Um grande problema desta patologia é o facto da sintomatologia só começar aparecer quando aproximadamente 75% do rim já está comprometido.

    Por isso é importante análises sanguíneas anuais, ou mensais, dependendo da raça e idade do animal.